segunda-feira, 7 de setembro de 2015

"Onde O escondemos?"

Meus amados irmãos,
não pode deixar de nos preocupar a todos esta debandada da juventude,
que tem lugar precisamente na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos. Perguntemo-nos: 
A juventude deixa, porque assim o decide? 
Decide assim, porque não lhe interessa a oferta recebida? 
Não lhe interessa a oferta, 
porque não dá resposta às questões e interrogativos que hoje a inquietam? 
Não será simplesmente porque, há muito,
deixou de lhe servir o vestido da Primeira Comunhão, e mudou-o?
É possível que a comunidade cristã insista em vestir-lho?
O seu Amigo de então, Jesus, também cresceu,
tomou a vida em suas mãos no meio dalguma incompreensão dos pais (cf. Lc 2, 48-52)
e abraçou os desígnios do Céu a seu respeito, tendo-os levado a cumprimento
com abandono completo nas mãos do Pai (cf. Lc 23, 46).

Recordo que, num momento de crise e hesitação
que envolveu os seus amigos e seguidores acabando muitos deles por desertarem,
Jesus perguntou aos doze apóstolos:
«“Também vós quereis ir embora?”
Respondeu-Lhe Simão Pedro:
“A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!
Por isso, nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus”» (Jo 6, 67- 69).

A proposta de Jesus tinha-os convencido;
hoje a nossa proposta de Jesus não convence.
Eu penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese,
esteja bem apresentada a figura e a vida de Jesus;
talvez mais difícil se torne encontrá-Lo 
no testemunho de vida do catequista 
e da comunidade inteira que o envia e sustenta, 
apoiada nas palavras de Jesus: 
«Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20).

Que Ele está, não há dúvida; mas onde é que O escondemos? 
Porque, se a proposta é Jesus Cristo crucificado 
e redivivo no catequista e na comunidade, 
se este Jesus se põe a caminho com o jovem 
e lhe fala ao coração, este seguramente abrasa-se (cf. Lc 22, 15.32).

Jesus caminha com o jovem…

Papa Francisco, no Discurso aos Bispos Portugueses

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