segunda-feira, 28 de junho de 2010

DEITAR A MÃO AO ARADO ....E.... NÃO OLHAR PARA TRÁS


«Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não é apto para o Reino de Deus.» (Lucas 9, 61-62, excerto da leitura do Evangelho de 27.6.2010)

Um poderoso executivo aguardava para embarcar num avião quando repentinamente e sem aviso a viagem foi cancelada. Furioso, dirigiu-se ao balcão das passagens ultrapassando quem estava à espera de ser atendido e exigiu um lugar em primeira classe para o voo seguinte.
O funcionário explicou amavelmente que a transportadora estava pronta a ajudá-lo mas que teria de ir para a fila e esperar pela sua vez.
“Jovem, tem alguma ideia de quem é que eu sou?”, vociferou o homem.
O funcionário olhou-o cuidadosamente de alto a baixo. Depois, ligou o microfone do aeroporto e disse: “Atenção: Há um passageiro no balcão dos bilhetes que não sabe quem é. Se alguém o conseguir identificar, por favor informe-nos”.
*****
É muito fácil esquecer quem somos e para onde vamos. Em determinadas alturas das nossas vidas, é tudo muito claro. O casal jovem no altar, o padre acabado de ordenar, o jovem sagaz que se dirige à primeira aula na Faculdade de Direito: todos sabem para onde vão; sabem que haverá um preço a pagar e estão prontos a pagá-lo. É tudo muito claro e muito simples.

É então que o tempo passa e o preço começa a ser pago – e pago, e pago! E o que recebem em troca não é tão perfeito e sólido como haviam esperado. O lindo bebé torna-se num adolescente difícil; o jovem atraente perde o cabelo e a linha; e depois de 10 mil homilias, o enérgico sacerdote avalia as delícias do voto de silêncio!

Dúvidas e questões dolorosas vêm à superfície: Não sabia que iria ser assim. Será que tomei a opção errada? Isto vai continuar para sempre assim? Como é que eu saio desta?

Jesus compreendeu muito bem esta dimensão da nossa experiência humana, este cansaço a meio do caminho que nos tenta a olhar para trás em vez de olhar para a frente, que nos impede de ver as novas e mais profundas alegrias e possibilidades que estão ao nosso alcance aqui e agora, este abatimento a meio do trajecto que nos tenta a desistir, a abandonar o nosso “arado” e ir embora.

Suster esta inclinação e avançar sem olhar para trás exige abandonar muitas coisas – algumas muito boas, outras de que já não precisamos. Essa renúncia pode ser dolorosa mas pode dar espaço a algo mais, a algo melhor. Pode permitir-nos crescer em formas completamente novas de viver e amar, aqui e agora, e dentro das nossas vocações de esposos, pais, amigos e pastores com as quais há muito nos comprometemos.

Como qualquer bom pai, Deus quer ver-nos a crescer grandes e fortes, em especial interiormente. E quer-nos ver felizes. O que acontecerá se nos lembrarmos para onde nos dirigirmos e quais os motivos que nos levaram a optar pelas nossas prioridades centrais. O que acontecerá se deixarmos que Deus tome a nossa mão enquanto caminhamos com Ele.

Não olhe para trás. Isso só o deixará imóvel no mesmo lugar
e tornará o seu interior mais amargurado.
Decida-se antes por olhar para a frente e mais profundamente.
Ficará surpreendido com o que espera por si!

P. Dennis Clark

terça-feira, 22 de junho de 2010

Na noite...reconstruo o Dia!


"Reconhece então os sinais da sua vida...

e algures recomeça uma antiga dor e, a negro,

essa dor vai enchendo a folha vazia e é como uma casa

que os fantasmas em visita demandassem pela noite fora.

Tudo se enreda e confunde, tudo se desmorona e reconstroi

quando ele vê um país distante, no sul da sua melancolia,

e é um país de fogo, com vastos incêndios à volta e um vulção

à espreita na sua alma. Ele estremece. Um cão ladra alto.

Um relampago fulmina a noite e ele tem medo.

Na folha outrora branca, vazia, há agora uma densa sombra

de mistérios que alastra. não há paz para o seu coração e

os olhos que ardem fixam-se num lugar muito longe

onde canta o pássaro invisível do poema e das estrelas.

Em silêncio, só, ele continua a escrever."

JAB

segunda-feira, 7 de junho de 2010

COM A LINHA DO HORIZONTE DESENHO A ESPERANÇA...


Muitas vezes a linha do horizonte pesca-nos o essêncial da vida,
qual anzol de eternidade....

Talvez seja esse o segredo...
Deixar que o horizonte nos olhe ao invés de sermos nós a o olharmos!

Talvez assim o nosso olhar e, por ele,
as linhas que cozem o nosso dia-a-dia
na orquestraçao da vida e na VIDA
não amarrem o horizonte...mas aí construam a casa onde devemos habitar....

Porque habitar o horizonte é, ao mesmo tempo,
olhar o dia e a noite...
tocar a terra e o céu...
enfrentar o percurso realizado e...
abrir-se à imensidão do dom de cada manhã...

Porque habitar o horizonte é....
contemplar no ringue da vida ...
essa harmoniosa luta entre coragem e medo...
entre o saltar e o ficar...
entre o caminhar e o parar....

Porque habitar o horizonte é...
erguer as mãos e abraçar medos...
amá-los como quem ama a coragem....

Porque...há medos....
que nos falam de ME-DO....
sim... eles dizem-nos e desafiam-nos a...
habitar o hifen que liga o
"M.E." de Melhor Entender....
e o
"D.O." de Desejar Olhar... em frente....

Hoje... aqui, ao raiar da manha, olhando o horizonte...ouvi:
Alegrai-vos e exultai porque é grande nos céus a vossa recompensa...

Talvez seja este o segredo que
sinzela e grava
a felicidade dos dias e nos dias!


Pe António Estêvão Fernandes