quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A solidão enquanto processo de comunhão


«Para escrever sobre mim mesmo,
tinha de me encarar como se fosse outra pessoa.
Foi só quando recomecei tudo na terceira pessoa
que principiei a ver uma saída para o impasse em que me encontrava.
O que é espantoso, creio,
é que o momento em que estamos mais absolutamente sozinhos,
o momento em que entramos realmente num estado de solidão,
é precisamente o momento em que deixamos de estar sós,
em que começamos a sentir a nossa ligação aos outros. (...)
No processo de escrever ou de pensar
acerca de nós mesmos,
convertemo-nos,
de facto,
noutra pessoa.»

Paul Auster, in Experiências com a Verdade

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