Meus amados irmãos,
não pode deixar de nos preocupar a todos esta debandada da juventude,
que tem lugar precisamente na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos.
Perguntemo-nos:
A juventude deixa, porque assim o decide?
Decide assim, porque não lhe
interessa a oferta recebida?
Não lhe interessa a oferta,
porque não dá resposta às questões e
interrogativos que hoje a inquietam?
Não será simplesmente porque, há muito,
deixou de lhe
servir o vestido da Primeira Comunhão, e mudou-o?
É possível que a comunidade cristã insista
em vestir-lho?
O seu Amigo de então, Jesus, também cresceu,
tomou a vida em suas mãos no
meio dalguma incompreensão dos pais (cf. Lc 2, 48-52)
e abraçou os desígnios do Céu a seu
respeito, tendo-os levado a cumprimento
com abandono completo nas mãos do Pai (cf. Lc 23,
46).
Recordo que, num momento de crise e hesitação
que envolveu os seus amigos e seguidores
acabando muitos deles por desertarem,
Jesus perguntou aos doze apóstolos:
«“Também vós
quereis ir embora?”
Respondeu-Lhe Simão Pedro:
“A quem iremos nós, Senhor? Tu tens
palavras de vida eterna!
Por isso, nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus”» (Jo 6, 67-
69).
A proposta de Jesus tinha-os convencido;
hoje a nossa proposta de Jesus não convence.
Eu
penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese,
esteja bem
apresentada a figura e a vida de Jesus;
talvez mais difícil se torne encontrá-Lo
no testemunho de
vida do catequista
e da comunidade inteira que o envia e sustenta,
apoiada nas palavras de
Jesus:
«Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20).
Que Ele está, não há
dúvida; mas onde é que O escondemos?
Porque, se a proposta é Jesus Cristo crucificado
e
redivivo no catequista e na comunidade,
se este Jesus se põe a caminho com o jovem
e lhe fala
ao coração, este seguramente abrasa-se (cf. Lc 22, 15.32).
Jesus caminha com o jovem…
Papa Francisco, no Discurso aos Bispos Portugueses
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