sábado, 26 de julho de 2014
O cansaço como enfermidade...
Ora, a acreditar em Byung-Chu Han,o alemão de origem coreana
que é uma das vozes filosóficas mais originais da cena contemporânea,
a doença representativa do nosso tempo é o cansaço.
E o pior é que todas as previsões coincidem no agravamento das tendências.
Estas enfermidades não são infeções,
mas estados de alma,
modalidades vulneráveis de existência,
fragmentação da unidade interna,
incapacidade de integrar e refazer a experiência do vivido.
A verdade é que as nossas sociedades ocidentais
estão a viver uma silenciosa mudança de paradigma:
o excesso (de emoções, de informação, de ofertas, de solicitações…)
está a atropelar a pessoa humana
e a empurra-la para um estado de fadiga,
de onde é cada vez mais difícil retornar.
O risco é o aprisionamento permanente nessa armadilha
como explicava profeticamente Fernando Pessoa:
«Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado não sei:
De nada me serviria sabê-lo
Pois o cansaço fica na mesma».
Valia a pena pensar nisto.
José Tolentino Mendonça
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