«Acredito que o que é pedido a cada um de nós
é que sejamos originais.
Acho que Deus nos vai perdoar tudo,
as asneiras que fizemos,
as incertezas,
uma cretinice ou outra.
Acho que Deus nos vai perdoar tudo.
Só não nos vai perdoar não termos sido nos próprios.
É tão importante.
O cristianismo precisa de pessoas originais,
que vivam a sua vida, a sua singularidade.
O meu sonho é que o mundo se encha
de mulheres e de homens improváveis.
Essa é a minha utopia.»
José Tolentino Mendonça
domingo, 4 de outubro de 2015
sábado, 3 de outubro de 2015
Os dois serão como um só
Um casal muito pobre ia celebrar o aniversário do seu matrimónio. Ele dava voltas e mais voltas à cabeça, sem sucesso, pensando como conseguir umas poucas moedas para presentear a mulher que tanto amava e que o tinha acompanhado durante quase toda a sua vida. Até que teve uma ideia que lhe causou calafrio: poderia vender o cachimbo, com o qual todas as tardes se sentava a fumar à porta da sua casa. Com o dinheiro, podia oferecer à sua mulher um pente, para que pudesse pentear o seu belo e longo cabelo, que cuidava com tanto esmero.
Finalmente, com o coração pesaroso e alegre ao mesmo tempo, aquele homem vendeu o seu cachimbo e aproximou-se de casa, levando envolvido num pobre papel o pente que tinha comprado. Lá o esperava a sua mulher, que tinha vendido o seu bonito cabelo negro para oferecer ao seu marido o melhor tabaco para o seu cachimbo.
O amor cristão caracteriza-se por supor entrega, dom de si, desprendimento e sacrifício de um pelo outro. Quando Inácio de Loyola fala do amor, diz que há duas coisas a ter em atenção: «a primeira é que o amor deve pôr-se mais nas obras do que nas palavras; a segunda é que o amor consiste em comunicação recíproca, a saber, em dar e comunicar a pessoa que ama à pessoa amada o que tem ou do que tem ou pode; e, vice-versa, a pessoa que é amada à pessoa que ama; de maneira que, se um tem ciência, a dê ao que a não tem, e do mesmo modo quanto a honras ou riquezas; e assim em tudo reciprocamente, um ao outro» (Exercícios Espirituais, 230-231). Não se pode amar sem entregar o melhor de nós mesmos na relação.
Trad. / adapt.: Rui Jorge Martins
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